Só saindo da ilha, é esse o termo imortalizado pelo douto escritor açoriano JOÃO DE MELO, quando nos interpela de forma assaz vibrante: “a pior forma de ficar na ilha é sair dela”… Que me desculpem os leitores, porque estou citando de memória, esta que, sem cuidar de me socorrer de outras “fontes”, para mim, continua a ser uma das mais sublimes afirmações de um ilhéu puro…
Cá fora longe, em Lisboa, e tão perto… muito mais perto do que as esgotantes cerca de 12 horas de avião para “Cancun – México”, o que aliás, hoje, vai sendo opção perfeitamente normal para qualquer grupo de estudantes universitários, finalistas, que arrojadamente, com exuberante entusiasmo, empreendem, de forma assaz vibrante, essa aventura que, naturalmente, perpassará sempre pela revisitação histórica, quiçá revigorante de aventura pré-medieval, talvez explorando a civilização dos “Maias”, ou de outras experiências sociológicas que os levarão inexoravelmente a descobrir novas formas de cultura vivencial, duma actualidade, por exemplo, a mexicana…
Mas, cada vez mais, os testemunhos dos jovens universitários que visitam esses pseudo-deslumbrantes “destinos turísticos de eleição” – com doze horas de sol calmante-bronzeador, mesmo “fashion” - quando voltam, apenas querem relevar o menos apetecível da relação homem natureza: “horas de sol”. E então perguntamos nós: Onde está a interligação humana com os nativo-residentes?
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Vila das Lajes - direita na imagem, ao fundo, do cimo da Montanha
Aí respondem-nos: Esses ficam ou mantêm-se longe dos Hoteis-Resorts, como que sendo para nós uma população à parte do mundo “irreal” criado pelas cadeias hoteleiras…
Que assim seja, mas felizmente que, na nossa ilha do Pico, uma das tais “sete maravilhas naturais de Portugal” como então foi classificada e aqui referi, estamos assim reconhecidos porque sabemos receber e interagir com quem nos visita, desde a Ponta da Ilha, até ao Aeroporto. Mesmo que faça chuva ou ventania, seremos sempre acolhedores e afáveis à porta das nossas casas de habitação, das nossas igrejas paroquiais, ou ermidas, ou ainda e acima de tudo, mesmo no inverno, à franqueada porta das nossas adegas – essas que, na Ponta da Ilha, nos permitem passar reconfortantes fins-de-semana - onde nunca faltará, por mais que o queiram denegrir, o saboroso VINHO DE CHEIRO do Pico.
É esse e será por muitos mais anos, o verdadeiro e popular ex-líbris da nossa ilha…
Claro que não será assim, para os doutos e respeitáveis enólogos que nos continuarão a visitar, convidados pelas digníssimas instituições ligadas à entidade regional vitivinícola… Mas, queiram ou não, com todo o respeito, nas Adegas da Ponta da Ilha, passam turistas, caminhantes europeus, asiáticos também e todos eles se deliciam com uma revigorante “Angelica” ou com um saboroso petisco (linguiça com inhames, caldo de peixe e afins) devidamente acompanhado pela nossa única celebridade daquelas bandas: o vinho de cheiro…
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